These are the films I went to see at the Barcelona Brzil festival in 2006. The festival website is here.
Lost and Found
Achados e Perdidos
Brazil, 2005, 101 Minute Running Time
Additional Countries: Chile
Topics: Detective/Mystery, Drama
Language: Portuguese
José Joffily, best known for his rugged New York melodrama, Two Lost Souls in a Dirty Night, now tackles the underworld of Copacabana with this dark thriller based on the novel by Alfredo Garcia-Roza. It offers mystery, crime, dirty money, betrayals and an unexpected ending.
Vieira (Antônio Fagundes) is a retired policeman who is having an affair with Magali (Zezé Polessa), a prostitute.
When Magali is found murdered in her house, Vieira is immediately the prime suspect, but since he was drunk on the night the murder took place he has no alibi.
Unable to tell if he is the killer, Viera falls prey to a friend from his past who tries to blackmail him whilst at the same time becoming involved with Flor (Juliana Knust), a young prostitute and good friend of Magali’s.
Brazil 2005 Dir. José Joffily 92 min.
DIRECTOR: José Joffily
Producer: Heloísa Rezende, José Joffily
Editor: Eduardo Escorel
Screenwriter: Paulo Halm
Cinematographer: Nonato Estrela
Music: André Abujamra
Principal Cast: Antônio Fagundes, Zezé Polessa, Juliana Knust, Genézio de Barros, Malu Galli
Filmography: Two Lost Souls in a Dirty Night (2002), The Call of God (2000), Who Killed Pixote? (1996)
O diretor José Joffily, ao optar por eliminar de seu filme a figura do inspetor Spinoza, que protagoniza o romance de Luiz Alfredo Garcia-Roza, deixa bastante claro seu desejo de não restringir-se a fazer uma narrativa meramente policial, mas sim um filme de personagens, priorizando o drama de Vieira (Antônio Fagundes), delegado aposentado, e sua namorada prostituta (Zezé Polessa), assassinada logo no início da trama. A decisão parece a princípio acertada, tendo em vista a meia hora inicial de Achados e Perdidos: Joffily introduz seus protagonistas de maneira bastante convincente, situando o casal como mais que meros tipos, mas sim figuras dotadas de facetas, contando com intensa cumplicidade entre a dupla de atores.
O diretor convence ao optar por enquadramentos que privilegiam o retrato do universo habitado pelas personagens. Filma apartamentos, bares e inferninhos que sabemos estar situados em Copacabana, sem, no entanto, partir para uma demarcação geográfica que privilegie aspectos peculiares do bairro, como foi feito recentemente em O Outro Lado da Rua ou Diabo a Quatro. Mais que a Copacabana de todos os cariocas, temos a Copacabana particular de Vieira e Magali, onde o casal interage em sua intimidade. Intimidade essa que Joffily consegue transmitir cuidadosamente ao espectador, fazendo uso de planos médios e próximos, concebidos e filmados com um apuro certamente maior que o presente em seus trabalhos anteriores. A eficácia desses momentos iniciais também fica bastante evidente com a narrativa voltando e avançando sucessivamente no tempo, através de flashbacks que são introduzidos de forma clara, com uma montagem ágil e convincente, sem que haja, no entanto, qualquer sinal evidente de passagens no tempo, como alterações no registro de imagem.
Chega, entretanto, um momento no qual fica claro que o filme não poderá se manter apenas às custas de personagens e climas. A história precisa avançar e, a partir de então, Achados e Perdidos começa a deixar pouco a pouco evidentes suas fragilidades. Isso fica bem marcado a partir do flashback que introduz o “passado negro” de Vieira e a origem de sua relação com o político corrupto que o assedia. A seqüência, muito pouco convincente, parece deslocada do filme bem cuidado que se desenvolvera até então. A partir daí, Achados e Perdidos passa a funcionar como uma série de explicações para o crime e as atitudes das personagens, acabando por assumir aos poucos o clima de trama policialesca do qual o filme, a princípio, parecia pretender fugir.
Com isso, inegavalmente vai perdendo boa parte de seu encantamento inicial, abrindo espaço, por exemplo, para a figura pouco convincente de Flor (Juliana Knust), personagem cujas intenções se declaram óbvias desde as primeiras aparições e que carece de uma ambigüidade que lhe permitisse ganhar mais força. Toda a parte da trama que leva Vieira a participar de um complô político (que se sugere, a princípio, como a solução dramática para o assassinato de Magali), se ressente justamente de uma falta de veracidade, coisa que Joffily conseguiu muito propriamente inserir nas cenas iniciais com o casal. Mas a coisa desanda mesmo é nas aparições da prostituta drogada, que desde a primeira vez que entra em cena parece estar no filme para funcionar como uma espécie de oráculo, explicando coisas que não foram vistas e levando à resolução do crime que, a princípio, serviria apenas como ponto de partida para o roteiro.
Ao seu término, Achados e Perdidos deixa uma impressão de frustração de um bom filme desperdiçado caso houvesse conseguido manter a qualidade atingida nos momentos iniciais – mas cujos méritos, ainda assim, acabam por situá-lo em um patamar superior a outras adaptações frustradas de literatura policial no cinema brasileiro recente, como é o caso de Bufo e Spalanzani ou Bellini e a Esfinge.
Amarelo Manga (2002)
A Tropical City as Fruit, Rotten at the Center
By STEPHEN HOLDEN
Published: November 13, 2003
Late in ''Mango Yellow,'' a teeming mosaic set in the Brazilian coastal city Recife, one character reels off a list of personal associations with the color yellow, and they have nothing to do with sunshine and flowers. Hepatitis and rotten teeth are among the ills metaphorically invoked to suggest the malaise that engulfs the noisily desperate characters in this raw slice of downscale urban life.
The Brazilian filmmaker Cláudio Assis, who directed the movie (his first feature) from a screenplay by Hilton Lacerda, has other metaphors in mind. The most sinister character in this unsavory portrait gallery is Isaac (Jonas Bloch), a resident of the seedy Hotel Texas -- an establishment just one step above a flophouse -- where most of the film is set. A sadist with necrophiliac leanings, Isaac pays handsomely for the delivery of fresh corpses, whose blood he tastes before he shoots them. Isaac symbolizes a city, or least a lower social stratum of that city, that thrives by feeding off its own rotting corpse.
The imagery surrounding Wellington (Chico Díaz), a macho butcher, is only slightly less gruesome. An extended early sequence observes him, blood-spattered in his slaughterhouse, chopping and sawing the meat he is about to peddle, unrefrigerated, from the back of a dirty pickup.
Nasty sexual intrigue provides most of the spice in the younger characters' lives. Wellington is an object of avid desire for Dunga (Matheus Nachtergaele), the hotel's flamboyantly effeminate cook, who makes no secret of his lust, even though Wellington has a wife and a mistress and has rejected his advances. Wellington's wife, Kika (Dira Paes), who is regarded with a semireligious awe by her husband, is an evangelical Christian and a goody-two-shoes. When she warns Wellington she will not tolerate adultery, she means it. But that does not prevent him from carrying on a guilt-stricken affair with his demanding, hot-tempered mistress, Dayse (Magdale Alves).
The other major character, Lígia (Leona Cavalli), is the sexy, embittered proprietor of a nearby cafe who curses each day as the sun rises and her grueling routine begins again. She thinks no man is good enough for her, but that doesn't stop her from being a crude sexual tease. When Isaac makes a pass at her, a violent furor ensues.
The most sharply drawn of several intersecting vignettes is Dunga's scheme to seduce Wellington by destroying the competition. ''Never underestimate a determined queen,'' he announces with a flounce as he embarks on a ruthless, secretive campaign to break up Wellington's marriage by arranging for Kika to catch Wellington with his mistress.
''Mango Yellow,'' which opens today at the Gramercy Theater in Manhattan, is the first movie in a 10-film exhibition organized by the Museum of Modern Art with the Global Film Initiative, which strives to promote cross-cultural understanding through cinema. All the films reflect social and political realities in their countries of origin.
For all the grimness and desperation on view in ''Mango Yellow,'' the characters emerge as robust, full-dimensional people in touch with their explosive feelings. The movie's surreal flavor underscores its message: This is how the lower half lives in Brazil, and by extension, humanity at its most basic, getting along without the rose-colored protections that affluence affords.
MANGO YELLOW
Directed by Cláudio Assis; written (in Portuguese, with English subtitles) by Hilton Lacerda; director of photography, Walter Carvalho; edited by Paulo Sacramento; music by Lúcio Maia and Jorge Du Peixe; production designer, Renata Pinheiro; produced by Mr. Assis and Mr. Sacramento. At the Gramercy Theater, 127 East 23rd Street, between Park and Lexington Avenues. Running time: 103 minutes. This film is not rated.
WITH: Matheus Nachtergaele (Dunga), Jonas Bloch (Isaac), Leona Cavalli (Lígia), Dira Paes (Kika), Chico Díaz (Wellington), Conceição Camaroti (Aurora), Magdale Alves (Dayse), Jones Melo (Padre) and Taveira Júnior (Taxi Driver).
Crime Delicado
Diretor faz ode rigorosa e apaixonada à imperfeição em "Crime Delicado"
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JOSÉ GERALDO COUTO
Digamos desde logo: "Crime Delicado" é um filme esplêndido, radical, único.
Na superfície, a história --inspirada em breve romance de Sérgio Sant'Anna-- é bastante simples: o crítico de teatro Antônio Martins (Marco Ricca) se apaixona por Inês (Lilian Taublib), que por sua vez é musa e amante de um homem mais velho, o artista plástico José Torres Campana (vivido pelo artista mexicano Felipe Ehrenberg).
Uma particularidade de Inês é o fato de ter uma deficiência física bastante perceptível. Essa circunstância terá conseqüências na maneira como evoluirá o tenso triângulo amoroso.
Como Antônio é crítico teatral, Inês é modelo e Campana é pintor, o filme acaba por trafegar livremente pelo teatro e pela pintura. Ou melhor: sua busca parece ser a do ponto de intersecção entre essas formas de representação e o cinema, e sobretudo entre este (como síntese das artes) e a própria vida.
A primeira cena se desenrola num palco (trata-se de uma peça a que Antônio assiste como profissional) e dá a senha para a linguagem expositiva de todo o filme. De modo geral, o que veremos, dentro ou fora do palco, serão "quadros vivos", filmados com câmera fixa, como que assumindo o ponto de vista de um espectador teatral. Por outro lado, ao mostrar os quadros eróticos de Campana sendo produzidos na interação entre ele e a modelo, na cama, ressalta-se o que há de teatro na pintura.
Assim como os trechos de peças exibidos ("Woyzeck", "Confraria Libertina", "Leonor de Mendonça"), os quadros da "vida real" (dois homens embriagados conversando num bar, por exemplo) não têm a ver diretamente com o entrecho central. Mas todos se iluminam uns aos outros e enriquecem subterraneamente o tema da paixão como elemento de desequilíbrio. Ou será do desequilíbrio, da imperfeição, como elemento de paixão? Não se sabe.
O fato é que, por baixo de sua aparente estranheza formal, "Crime Delicado" apresenta uma unidade de sentido que atinge o espectador primeiro pela emoção estética.
Pensar nexos e explicações é uma atividade posterior, que não deixa de ter a ver com o assunto que se discute na tela: as tensões entre a arte e a vida, entre o caráter falho desta última e a perfeição idealizada da primeira.
Pois Antônio Martins, vigilante do "Belo", vê-se em crise quando descobre a beleza (em minúsculas) da imperfeição, que aqui é sinônimo de vida.
Se há algo que enfraquece um pouco a obra, do ponto de vista formal, é justamente o uso ocasional (e talvez inevitável) do campo/contracampo, pois esse recurso nos lembra que estamos no cinema, e não no terreno inefável, em suspensão, ao qual nos transportou a música sublime de Schubert. Mas ter estado lá é algo que não se esquece.
Crime Delicado
Direção: Beto Brant
Em "Crime Delicado", Beto Brant espreita violência do desejo
SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo
Entre os desafios que o cinema nacional impõe ao jornalismo, entrevistar o diretor Beto Brant, 42, não é dos menores.
Você faz uma pergunta, e Brant silencia. Ou protesta: "Acho essa pergunta incompreensível"; "Tenho uma idéia clara sobre isso, mas não vou lhe dizer qual é".
Fosse outra sua obra, não haveria por que insistir. Mas ocorre de ele ser o autor de "Os Matadores" (1997), "Ação entre Amigos" (1998), "O Invasor" (2002) e do inédito e excelente "Crime Delicado" (2005), que a 29ª Mostra de São Paulo exibe hoje.
De resto, Brant não é contra jornalistas (aparentemente). O que ele repudia é a idéia de, ao discorrer sobre seus filmes, impor ao espectador um ponto de vista, um único modo de ver --o seu-- no qual caberiam múltiplos olhares.
"Gosto de um filme que não seja óbvio", diz. Óbvio "Crime Delicado" não é. A exemplo de "O Processo do Desejo" (1991), do italiano Marco Bellochio, aqui nem sequer sabemos se o crime do título (um estupro) de fato ocorreu, embora a cena da dúvida esteja impressa na tela, sem cortes.
Brant filmou em preto-e-branco os trechos em que a discussão sobre o delicado crime se dá nos tribunais de Justiça e no interior da Redação de um jornal.
O jornal entra na trama porque Antônio Martins (Marco Ricca), o protagonista do filme e do estupro, é crítico de teatro de um diário fictício. O chefe de Martins, com quem ele dialoga sobre redenção e culpa, é interpretado por Alberto Guzik, um dos principais nomes da crítica e dos palcos na cena real do teatro brasileiro.
Por que Brant decidiu contrastar a vigorosa palheta de cores do longa com o preto-e-branco nessas cenas? "Se eu disser, vou começar a explicar o filme", escapa novamente o diretor.
A (não) conversa segue em frente. Bem adiante, Brant larga uma pista relacionada à questão anterior. "Todas as cenas são noturnas. De dia, a gente filmou apenas a instituição [o tribunal e o jornal], o que enquadra."
As criaturas da noite que circulam pelo longa são quase sempre amigos do diretor, que ele convidou a uma participação espontânea, sem falas roteirizadas.
Os textos que brotaram do improviso, no entanto, parecem seguir à risca o fio do filme e sua investigação sobre a natureza da "bruta flor do querer".
É do cineasta Cláudio Assis ("Amarelo Manga") a participação mais ruidosa, num fim de noite de bar, regado a cerveja e ciúmes. Quando desvia os olhos da mulher com quem trava seu embate amoroso, Assis mira Martins, espectador solitário da cena, e sentencia: "Você não ama. Quem não reage rasteja".
Brant confessa (uma confissão, ao menos!) que não poderia esperar conclusão melhor. No mesmo bar, sob a mesma capa da noite, o ator Adriano Stuart, presente em "Os Matadores", perde o rumo e a palavra, quando a conversa não-ensaiada o conduz à tentativa de resumir sua vida. "Eu errei", diz, recuperando o texto e o prumo.
Para Brant, as circunstâncias que reuniram a equipe do filme foram "seqüências de acasos iluminados". Casualmente, ele conheceu Lilian Taublib, que canta e escreve, mas não havia pensado em ser atriz.
Taublib, que não possui uma das pernas, concordou em oferecer ao "Crime Delicado" seu primeiro papel no cinema, o da musa Inês, e a nudez de seu corpo.
São as formas de Taublib que o pintor mexicano Felipe Ehrenberg, também casualmente agregado ao projeto, registra em telas gigantes, cujo sentido Brant faz oscilar na visão do espectador, à medida em que o filme avança.
A pintura de Ehrenberg e a paixão incontida de Martins por Inês aos poucos revelam no filme "uma ou duas coisas sobre ela".
Este seria o título de "Crime Delicado", até que Brant mudou de idéia e voltou ao original do texto de Sérgio Sant'Anna, base do longa. Do "Um Crime Delicado" de Sant'Anna, Brant excluiu o artigo "um". Querer saber por que é esperar ouvir demais de quem diz só uma ou duas coisas sobre si.
Established Brazilian helmer Beto Brant ("Belly Up," "The Trespasser") takes a break from the guns and gangsters in Brazil's backstreets to focus on a middle-class felony in "Delicate Crime." Intriguing but oddly structured drama starts out as a portrait of an embittered, misogynist legit critic (co-screenwriter Marco Ricca), but fractures into part courtroom psychodrama, part "La Belle Noiseuse"-style exploration of an artist and his muse. High pretension quotient will make "Delicate Crime" a punishment for some auds, but adventurous arthouse distribs could make it click in upscale territories.
Astringent critic Antonio (Ricca) watches assorted plays, scenes from which unfold onscreen, and then goes to write about them. One night he meets Ines (non-pro thesp Lilian Taublib), a one-legged artist's model. Eventually, Antonio first stalks then rapes her, although he considers the deed merely rough sex. Last act intercuts between a courtroom and a long sequence showing Ines working with her artist lover (real painter Felipe Ehrenberg). Script mulls over the nature of creation, the relation between critics and artists, gender relations and so on, but loses focus in the dramatic muddle. Tech credits are pro.
Camera (color/B&W), Walter Carvalho; editor, Willem Dias; music, Caco Faria, Alvaro Fernando; art director, Marcos Pedroso; costume designer, Joana Porto. Reviewed at Toronto Film Festival (Visions), Sept. 13, 2005. Portuguese dialogue. Running time: 87 MIN.
Zuzu Angel
Tells of acclaimed Brazilian fashion designer Zuzu Angel at the time her son Stuart Angel was captured, tortured, and murdered by the government because of his fight along with the student's movement against the military dictatorship which took over the country in the 60s and 70s. Zuzu was assassinated in 1976 because of her constant search for answers to the murder of her son. She not only influenced Brazilian fashion for generations to come, but she also had an impact on the country's political scene.
Tuesday, December 11, 2007
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